HIATOS



Está tudo em silêncio
E vazio também,
Sem olhares importantes
Sorrisos fascinantes
Nem se quer
Uma personalidade interessante
A inspiração é pouca,
Só as mesmas coisas,
O sol que se põe
Nas brechas da calçada,
A lua que brota
Do parapeito da janela
No quarto,
Os dias que escorrem
Na torneira da pia
Todas as manhãs,
Talvez eu fale das meninas
Que desaparecem
Com um botão,
Ou dos anos que se empilham
Nas rugas das minhas mãos.
O lugar onde vivem
As coisas comuns, é escuro,
Vivo tropeçando em hiatos.


J. Mário Cavalcante

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